Na noite de 14 de Março de 2019, a Beira, província de Sofala e uma das principais cidades de Moçambique foi severamente afectada provocando vários mortos, vítimas dos estragos causados pelo Ciclone Idai.

O Ciclone Idai afectou mais de 1,8 milhões de pessoas, cerca de 150 mil casas foram parcial ou totalmente destruídas apenas na província de Sofala. Provocou mais de 600 mortos e de 1600 feridos. Devido às necessidades na região, a ONU sediou a Operação Embondeiro em Macurungo, nas imediações da cidade da Beira, capital da província de Sofala, concebida numa parceria pioneira entre a Cruz Vermelha Portuguesa e a Médicos do Mundo para atenuar as consequências e prestar ajuda humanitária aos sobreviventes.

Quatro meses após a primeira intervenção na Beira, a Médicos do Mundo assumiu a coordenação e apoio ao Campo de Desalojados Ndeja, John Segredo, na província de Nhamatanda, um campo responsável por abrigar 402 famílias, num total de 2170 pessoas.

Uma Missão, cujo objetivo foi e é aumentar a acessibilidade aos cuidados de saúde da população residente no Campo de Reassentamento de Ndeja e capacitar os profissionais de saúde do Posto Sanitário do Campo só sendo possível devido ao grande profissionalismo e empenho de todos os colaboradores e VOLUNTÁRIOS que merecem um enorme agradecimento pela dedicação, solidariedade e força.

Um ano depois, os sobreviventes dos ciclones Idai em Ndeja, ainda estão sujeitos a situações de vulnerabilidade extrema que condicionam o acesso a cuidados básicos de saúde, limitando a sua qualidade de vida.

Para atenuar os impactos desta catástrofe natural ao nível da saúde, a Médicos do Mundo em conjunto com voluntários, encontra-se em Ndeja desde Abril 2019 a trabalhar directamente no terreno com os sobreviventes de modo a assegurar o seu acesso aos cuidados mais emergentes.

“Há milhares de famílias ainda a viver em tendas e crianças desnutridas”, conta a médica Ana Pinto Oliveira da Médicos do Mundo

"Os campos de reassentamento seriam futuras aldeias ou vilas depois da reconstrução, mas ainda está tudo quase na mesma", "Não têm água nem luz. Só podem contar com um furo de água". "No campo estão 402 tendas, ou seja, 402 famílias e 2170 pessoas".

Relatos impressionantes de quem esteve e está no terreno.

 

DEPOIS DO CICLONE, O SURTO DE PELAGRA

A região centro do país, assolada pelo ciclone Idai, enfrenta agora um surto de pelagra, doença provocada por carência de vitamina B3, que tem nos realojados das tendas uma população bastante vulnerável. A doença tem estado presente nas províncias de Sofala cuja capital é a Beira e Manica com a capital em Chimoio.

No campo de Ndedja, o primeiro caso de pelagra surgiu em maio de 2019 e o pico foi em junho do mesmo ano. A intervenção da equipa da Médicos do Mundo conseguiu que o surto decrescesse. "Agora temos oito casos que surgiram entre janeiro e fevereiro". A doença começou por ser tratada com um complexo de vitamina B mas os médicos espanhóis da ONG "passaram a dar amendoins a toda a gente, porque são ricos em vitamina B3".

Todas as tendas foram visitadas pelas equipas médicas e estão georeferênciadas. "Cada uma tem um número e sabemos no mapa onde está. Se houver um caso de pelagra sabe-se exactamente onde ir.

ACADEMIA PARA MÃES NO DONDO

Para além de Ndeja, a Médicos do Mundo está também integrada num projecto financiado pelo Instituto Camões I.P. com o apoio da organização Apoiar. A Academia para Mães, no distrito de Dondo, província de Sofala é um curso para jovens mães moçambicanas de modo a capacitá-las em cuidados básicos de nutrição e saúde.

Leia na íntegra a reportagem Moçambique: O relato de quem ajuda diariamente os desalojados em Ndeja, com Saringo, Técnico de Medicina que colabora com a Médicos do Mundo.

 

Aceda aqui e conheça o Projecto Ungumi - Dondo-Savane

 

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