04 de dezembro de 2025
Ratificado a 10 de outubro, o acordo de paz, que prevê o cessar dos bombardeamentos e a retoma da ajuda humanitária no enclave, ficou rapidamente comprometido: as forças israelitas atacaram Gaza várias vezes, causando pelo menos 226 mortos e 635 feridos, e continuam a ocupar mais de metade do território palestiniano.
Do lado das organizações humanitárias, as atividades permanecem seriamente comprometidas e cerca de 50 milhões de dólares (o equivalente a pouco mais de 42,8 milhões de euros) em bens essenciais provenientes de organizações internacionais, incluindo géneros alimentícios, equipamentos médicos, materiais para abrigo e produtos de higiene, continuam bloqueados em armazéns e pontos de passagem.
A provação prolonga-se para centenas de milhares de habitantes de Gaza que continuam privados de alimentos, água potável e cuidados médicos. Com a aproximação do inverno e as chuvas fortes a fragilizarem ainda mais as condições de vida, muitas pessoas vivem em abrigos precários, sem isolamento, aquecimento ou instalações sanitárias.
“Uma segunda catástrofe desenha-se com as chuvas torrenciais e o inverno que elas anunciam. Entre os nossos colegas no terreno, alguns não tiveram outra escolha senão instalar-se em tendas. São essas mesmas pessoas que, apesar destas condições intoleráveis, mantêm as nossas clínicas a funcionar seis dias por semana”, alerta Caroline Bedos, responsável pelo Pólo Médio Oriente da Médicos do Mundo.
Face às imensas necessidades humanitárias, as equipas da Médicos do Mundo mobilizam-se, assegurando mais de 30.000 consultas por mês nas suas cinco clínicas e realizando campanhas de vacinação. Nos próximos dias, as ações serão reforçadas com a abertura de mais duas clínicas na Cidade de Gaza. A Médicos do Mundo está ainda a envidar todos os esforços para disponibilizar uma clínica móvel e fazer entrar os seus stocks de fornecimentos médicos, atualmente bloqueados às portas da Faixa de Gaza.
“À data de hoje, trata-se de um cessar-fogo ilusório. Só será efetivo quando cessarem as hostilidades, quando a proteção dos civis, do pessoal humanitário e de saúde estiver garantida, e quando a entrada de ajuda humanitária for uma realidade. As necessidades a cobrir são imensas e continuarão a sê-lo na ausência de um acesso humanitário total e imediato”, acrescenta.

