A Médicos do Mundo está a responder ao ressurgimento da cólera no Haiti, que afeta seis departamentos do país. A epidemia reapareceu num contexto de insegurança, falta de combustível e dificuldades no acesso a cuidados de saúde.

O Haiti tem vindo a enfrentar um ressurgimento da cólera desde o passado mês de outubro, após a acalmia dos últimos três anos. Atualmente, mais de 11.500 pessoas estão hospitalizadas, há 1.100 casos confirmados e mais de 13.454 casos suspeitos (Ministério da Saúde Pública e da População - MSPP). 

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), dois terços da população haitiana não têm suficiente acesso a infraestruturas de saúde. Além disso, o contexto em que esta epidemia está a emergir torna as intervenções humanitárias mais complexas: 
 
"O Haiti é marcado por uma profunda crise económica e política e um clima de grande insegurança – particularmente, na capital, Port-au-Prince, e nos seus arredores", explica Dominique St-Cyr, chefe de missão da Médicos do Mundo (MdM) Canadá no Haiti. "Neste contexto, parte da população, particularmente, as mulheres - as primeiras vítimas desta violência - têm menos acesso aos centros de tratamento da cólera.

Quase metade dos casos de cólera é em crianças

Do total de casos de cólera, 40% são em crianças. E aquelas cujos sistemas imunitários já estão enfraquecidos por desnutrição grave têm três vezes mais probabilidades de morrer devido à infeção: 
"Esta situação é verdadeiramente alarmante. Estamos particularmente preocupados com as crianças, que representam 40% dos casos confirmados de cólera. Podem morrer de desidratação se não forem tratadas imediatamente. Temos de agir rapidamente", conclui Dominique St-Cyr.

MdM sensibiliza e apoia os doentes

A organização está a coordenar 115 trabalhadores comunitários de saúde que visitam as áreas mais afetadas no oeste do país. Estes agentes promovem uma maior consciencialização sobre os riscos de transmissão, de como se proteger e de detetar a doença. Acompanham e encaminham os doentes e distribuem kits de higiene (pastilhas de purificação de água, saquetas de solução e reidratação oral, etc.) em comunidades e centros de saúde.  

Apoio aos centros de saúde

A MdM está ainda a apoiar três hospitais de Port-au-Prince (Centre Hospitalier de Fontaine, Sainte Catherine de Laboure e Centre Haitiano Arabe Plan International), nomeadamente na gestão de casos (suspeitos ou confirmados), na formação de pessoal médico, no reforço das equipas e na distribuição de equipamento médico.

Presente no Haiti desde 1996, a MdM, através das suas delegações do Canadá, Suíça, Argentina e Espanha, está a ajudar as populações afetadas pela epidemia nos departamentos de Ouest, Nippes e Centro (três dos seis departamentos afetados).