O objetivo foi recolher dados diretamente junto das comunidades para compreender as suas condições de vida, identificar obstáculos ao acesso a serviços básicos e orientar futuras intervenções humanitárias e de desenvolvimento.
A avaliação foi conduzida através de entrevistas a nível comunitário, com uma amostra diversificada em termos de idade e localização, permitindo recolher testemunhos sobre saúde, educação, nutrição, deslocamento, saúde mental, segurança e meios de subsistência.
Principais resultados
Deslocamento e retorno:
- Afrin apresenta a maior proporção de pessoas deslocadas internas (PDI). A destruição de habitações e a falta de serviços básicos são os principais entraves ao retorno.
Saúde e acesso a medicamentos:
- Apenas 5% dos inquiridos em Idlib referem acesso a serviços públicos de saúde.
- A satisfação com os serviços de saúde é mais elevada em Idlib e mais baixa em Aleppo.
- 71% dos inquiridos insatisfeitos apontam a impossibilidade de adquirir medicamentos como principal motivo.
Alimentação infantil:
- 34% dos cuidadores de crianças entre 12 e 36 meses enfrentam dificuldades na alimentação, com destaque para Afrin (45%).
- As causas incluem ausência de leite materno e inacessibilidade a produtos lácteos.
Educação:
- A taxa média global de escolarização é de 73%, mas desce para 57% em Afrin.
- O abandono escolar está associado a dificuldades económicas, trabalho infantil, casamento precoce e deslocamento.
Saúde Mental e apoio psicossocial:
- 66% dos inquiridos relataram sintomas de sofrimento emocional nos últimos três meses.
- Apenas 1 pessoa conseguiu aceder a apoio profissional.
- A participação em sessões de promoção da saúde é de apenas 14% no total.
Dependência de substâncias:
- 22% dos inquiridos reconhecem a prevalência de dependências na comunidade.
- Aleppo apresenta a taxa mais elevada (43%), com adolescentes não escolarizados e adultos desempregados entre os perfis mais afetados.
Assistência humanitária e emprego:
- 80% receberam algum tipo de assistência nos últimos seis meses, mas apenas 47% em Aleppo.
- A maioria da assistência está centrada em serviços de saúde, com pouca resposta para segurança alimentar ou meios de subsistência.
- 71% dos agregados familiares têm pelo menos um membro empregado, com Idlib a liderar (83%) e Afrin/Aleppo com os valores mais baixos (65%).

Quais as nossas principais recomendações?
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Reforçar o acesso gratuito e equitativo à saúde, incluindo saúde mental, reprodutiva e fornecimento de medicamentos.
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Investir em programas de nutrição infantil, especialmente para menores de cinco anos e mulheres grávidas.
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Reabilitar infraestruturas essenciais, como escolas, centros de saúde, redes de água e eletricidade.
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Apoiar financeiramente o retorno voluntário de deslocados, com subsídios, programas de geração de rendimento e assistência legal.
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Combater o abandono escolar com programas de educação acelerada, espaços de aprendizagem temporários e incentivos económicos.
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Implementar programas de prevenção e tratamento da dependência, com foco em adolescentes e jovens adultos.
Este relatório é um apelo claro à ação coordenada e sustentável. As comunidades sírias precisam de mais do que ajuda de emergência — precisam de oportunidades para reconstruir as suas vidas com dignidade.
Clique no botão abaixo para aceder ao relatório (versão em inglês).