Médicos do Mundo Grécia

Depois de mais uma tragédia no Mediterrâneo, a Médicos do Mundo volta a apelar à criação de rotas de trânsito seguras e legalizadas para os migrantes e à coordenação entre as autoridades, para reduzir a migração insegura e evitar mais vítimas.

A dimensão da tragédia ao largo de Pylos, na Grécia, é inimaginável, após o naufrágio de um barco que transportava mais de 750 pessoas. Até ao momento, estão contabilizados mais de 79 mortos e de 500 desaparecidos. 

Apesar do novo pacto sobre a imigração, dos chamados “países terceiros seguros” e de todas as garantias, a tragédia das pessoas migrantes continua. 

O facto de a maioria dos migrantes de África para a Europa utilizar a rota migratória através da Líbia, juntamente com a falta de controlo das autoridades, contribuiu para o desenvolvimento de redes de tráfico e contrabando que operam ao longo deste eixo, seguindo rotas cada vez mais perigosas.

Exigimos rotas seguras e legalizadas

Dez anos depois da operação Mare Nostrum no Mediterrâneo e enquanto o Novo Pacto para a Imigração é discutido a nível europeu, os progressos no sentido de uma política europeia única de imigração e asilo, que respeite os direitos humanos e promova a proteção da vida e da dignidade, continuam a ser mínimos, e o aumento do racismo, da xenofobia e das políticas de dissuasão continua a ganhar terreno.

"O novo Pacto sobre a Migração é a prova de que a intenção é cada vez mais construir muros e reforçar vedações", afirma a diretora-geral da Médicos do Mundo Grécia, Evgenia Thanou. "As milhares de mortes no mar, a que assistimos em tempo de paz no nosso país, mesmo antes da recente crise de acolhimento de 2015, poderiam ter sido evitadas se os países envolvidos tivessem demonstrado coragem e sentido de responsabilidade e se comprometessem conjuntamente a garantir canais de entrada legalizados para aqueles que tentam chegar à Europa", acrescenta.

"A Médicos do Mundo está profundamente preocupada com a falta de ação relacionada com a responsabilidade das autoridades competentes. Resgatar pessoas em perigo no mar não é caridade, é uma obrigação legal de cada Estado", sublinha a Diretora Executiva da Médicos do Mundo Itália, Elisa Visconti. "Hoje em dia, na Europa, assistimos a um agravamento das condições de respeito pela vida e pelos direitos humanos, especialmente no que diz respeito aos migrantes em busca de proteção e sem possibilidade de encontrar vias legais", acrescenta.

A Médicos do Mundo (MdM) apela à criação de rotas de trânsito seguras e legalizadas para os migrantes e à coordenação entre as autoridades, para reduzir a migração insegura e evitar mais vítimas. A MdM apela também ao reforço das operações de busca e salvamento no mar e a um esforço conjunto e sincero dos Estados-Membros da União Europeia, para travar a retórica de ódio contra a "diferença" que alimenta e reforça as políticas de dissuasão e que produzem vítimas e tragédias humanitárias como o naufrágio do Pylos.