16 de setembro de 2025
51 organizações humanitárias e da sociedade civil alertam que o ataque de Israel à Cidade de Gaza representa uma ameaça existencial para a população palestiniana. A declaração conjunta denuncia a intensificação dos bombardeamentos, as ordens de deslocamento em larga escala e a obstrução deliberada da ajuda humanitária.
Entre as organizações signatárias está a Médicos do Mundo, que se junta ao apelo internacional para que sejam garantidas condições mínimas de proteção e dignidade para os civis em Gaza.
Publicamos abaixo a declaração na íntegra.
"Uma sentença de morte" – Agências humanitárias alertam para o ataque de Israel à Cidade de Gaza
51 organizações humanitárias e da sociedade civil alertam que o ataque de Israel à Cidade de Gaza equivale a uma sentença de morte.
A intensificação dos ataques militares israelitas à Cidade de Gaza e as ordens de deslocamento forçado para toda a cidade estão a deixar as famílias perante um dilema impossível: fugir e arriscar a morte na estrada e em zonas de deslocamento sobrelotadas, ou permanecer nos abrigos e enfrentar bombardeamentos incessantes. A fome e o cerco aguardam em qualquer dos casos.
“O nosso único pedido é viver”, afirma Ayman (nome fictício), um pai que se abriga com a sua família na Cidade de Gaza. “Somos humanos, tal como vocês. Queremos viver com dignidade e segurança, não morrer de fome ou por bombas.”
Quase um milhão de palestinianos — famintos, em luto e deslocados múltiplas vezes — permanecem na Cidade de Gaza. Se a operação de Israel na cidade continuar, os hospitais serão isolados e atacados, os abrigos e escolas bombardeados, os comboios de ajuda bloqueados, e aqueles que estão demasiado fracos, são idosos ou doentes, e não conseguem fugir, serão deixados para morrer. “Estamos cansados de fugir de um lugar para outro”, diz Abeer (nome fictício), uma trabalhadora humanitária.
Ao mesmo tempo, Israel está a obstruir deliberadamente as operações humanitárias. Os camiões de ajuda continuam a ser recusados, e as ONG internacionais permanecem em suspenso devido a um regime de registo opaco, mesmo com o agravamento da fome.
O Tribunal Internacional de Justiça reconheceu que os palestinianos em Gaza têm o direito de ser protegidos contra o genocídio. Cada ato de deslocamento forçado e cada agravamento da fome tornam esse perigo mais iminente, e o mundo não pode alegar que não viu esta situação a desenvolver-se.
