O que está em causa?
Durante décadas, políticas de drogas centradas na repressão têm alimentado o estigma, a exclusão e a violência. Pessoas que usam drogas – muitas vezes em contextos de vulnerabilidade – continuam a ser tratadas como criminosas, quando o que precisam é de apoio, de cuidados e de dignidade.
O que propomos?
Defendemos uma transformação profunda na forma como as sociedades lidam com o consumo de drogas. Em vez de respostas punitivas e excludentes, propomos uma abordagem centrada no cuidado, na dignidade e nos direitos humanos:
- Chega de castigo. É tempo de cuidado.
- Chega de preconceito. É tempo de empatia.
- Chega de silêncio. É tempo de escuta.
Porque é que isto importa?
Esta não é apenas uma questão de saúde pública – é uma questão de justiça. De igualdade. De direitos.
Mesmo que não use drogas, esta luta também é sua. Porque diz respeito ao tipo de sociedade que queremos construir: uma sociedade que cuida, que ouve, que não deixa ninguém para trás.
Como podemos fazer esta mudança?
A transformação começa por reconhecer que o consumo de substâncias psicoativas é uma realidade complexa, que deve ser abordada com base na evidência científica, na escuta ativa e no respeito pelos direitos das pessoas. Isso implica:
- Reformar leis e políticas públicas que continuam a criminalizar o uso de drogas, mesmo em contextos onde o consumo não representa risco para terceiros;
- Investir em serviços de saúde acessíveis, com respostas de redução de riscos e minimização de danos (RRMD), que respeitem a autonomia das pessoas;
- Combater o estigma e a discriminação, promovendo uma mudança cultural que valorize o cuidado em vez da punição;
- Ouvir as pessoas que usam drogas, reconhecendo os seus saberes, experiências e necessidades como parte da construção de soluções eficazes.
Como estamos a contribuir na Médicos do Mundo para esta mudança?
Na Médicos do Mundo, acreditamos que todas as pessoas têm direito a cuidados de saúde dignos, independentemente do seu contexto de vida. Defendemos políticas de drogas que coloquem as pessoas no centro — políticas que cuidam, que escutam, que não punem.
É com base nesta visão que desenvolvemos três projetos dedicados à redução de riscos e minimização de danos (RRMD), que são exemplos concretos de uma abordagem de saúde pública e direitos humanos:
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Programa de Consumo Vigiado Móvel (Lisboa) – uma resposta inovadora e de proximidade, que oferece um espaço seguro para o consumo de substâncias, com acompanhamento técnico, apoio psicossocial e encaminhamento para cuidados de saúde. Uma alternativa concreta à criminalização e ao abandono.
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Porto Escondido (Porto) – intervenção de rua que promove o acesso a cuidados de saúde, informação e materiais de redução de riscos, contribuindo para a prevenção de infeções, overdoses e exclusão social.
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Projeto SER – Saúde em Equipa de Rua (Barcelos) – equipa multidisciplinar que atua junto de populações em situação de vulnerabilidade, com foco na promoção da saúde, no apoio psicossocial e na inclusão social.
Neste 26 de junho, reafirmamos o nosso compromisso com a defesa de políticas de drogas mais humanas, mais justas e mais eficazes.
Porque punir não é cuidar. Apoiar é transformar.