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Alertámos repetidamente as autoridades israelitas para a necessidade urgente de garantir rotas seguras para evacuar os nossos colaboradores e pacientes, mas nunca recebemos qualquer resposta. Por isso, tomámos a decisão de os colocar em segurança. Se hoje não houve perda de vidas nesta clínica, foi apenas graças à serenidade e rápida reação das nossas equipas. Mas elas continuam profundamente afetadas e sem um local seguro onde se possam abrigar.” - Helena Ranchal, diretora de Operações Internacionais da delegação francesa da Médicos do Mundo.

Ter, 2025-09-09 15:45

 

As forças israelitas bombardearam ontem um edifício localizado a poucos metros de uma das clínicas da Médicos do Mundo na Cidade de Gaza. Todos os membros da equipa e pacientes estão em segurança, mas a explosão causou estragos significativos que impossibilitam o uso das instalações. Não foi emitido qualquer aviso ou ordem de deslocamento às nossas equipas. A Médicos do Mundo condena firmemente esta nova violação flagrante e inaceitável do direito internacional humanitário.

Há várias semanas que o exército israelita anuncia uma ofensiva terrestre iminente sobre a Cidade de Gaza, enquanto os bombardeamentos se intensificam e a nossa equipa no terreno manifesta crescente preocupação com a continuidade das operações na zona.

“Alertámos repetidamente as autoridades israelitas para a necessidade urgente de garantir rotas seguras para evacuar os nossos colaboradores e pacientes, mas nunca recebemos qualquer resposta. Por isso, tomámos a decisão de os colocar em segurança. Se hoje não houve perda de vidas nesta clínica, foi apenas graças à serenidade e rápida reação das nossas equipas. Mas elas continuam profundamente afetadas e sem um local seguro onde se possam abrigar.” - Helena Ranchal, diretora de Operações Internacionais da delegação francesa da Médicos do Mundo. 

As condições de segurança já não permitem que os nossos colegas continuem a sua atividade na Cidade de Gaza. A Médicos do Mundo foi forçada a suspender indefinidamente as suas operações nesta zona, encerrando duas clínicas. Como consequência, 600 pacientes que eram acompanhados diariamente pelas nossas equipas ficaram privados de cuidados de saúde.

“Esta é mais uma violação flagrante do direito internacional humanitário. Após quase dois anos a exigir a proteção de civis, trabalhadores humanitários e profissionais de saúde, a situação continua a deteriorar-se. Na Cidade de Gaza, um milhão de pessoas precisam urgentemente de abrigo seguro num espaço cada vez mais reduzido. Estamos profundamente preocupados com a população e com os nossos colegas. Se nada mudar, a Médicos do Mundo será forçada a encerrar as suas atividades em Gaza.” - Jean-François Corty, presidente da delegação francesa da Médicos do Mundo. 

A Médicos do Mundo apela às autoridades israelitas para que ponham fim imediatamente aos ataques contra civis e trabalhadores humanitários, e que cessem todas as formas de obstrução à ajuda humanitária nos territórios palestinianos ocupados. A comunidade internacional deve exercer pressão para garantir que seja estabelecido um cessar-fogo sem mais demoras.

 

Foto: Médicos do Mundo França