Liliana Costa é médica e voluntária da Médicos do Mundo nos projectos que a organização tem no norte, nomeadamente no Centro de Acolhimento de Emergência para Pessoas Em Situação de Sem Abrigo no Hospital Joaquim Urbano, no Porto. Conheceu a Médicos do Mundo numa palestra e rapidamente decidiu fazer voluntariado, acreditando ser "uma honra termos a oportunidade de ter algum impacto na vida de alguém."

Sara Moinhos

 

Médicos do Mundo (MdM): Como é que conheceu a Médicos do Mundo?
Liliana Costa (L.C): Conheci a Médicos do Mundo quando ainda estava na faculdade, há cerca de 5 anos. A primeira vez que me recordo de ouvir falar objectivamente sobre esta organização foi numa palestra acerca de voluntariado médico. Fiquei curiosa, tentei inteirar-me melhor sobre o seu funcionamento e tudo começou.
 
MdM: Porque razão decidiu fazer voluntariado?
L.C: Desde que me lembro sempre quis fazer voluntariado, acho importante utilizarmos um pouco do nosso tempo para tentarmos melhorar a vida de outra pessoa, ou melhorar determinada situação.
Acima de tudo, acho que é uma honra termos a oportunidade de ter algum impacto positivo na vida de alguém.

Sara Moinhos

 
MdM: Em que projectos colabora?
L.C: Actualmente estou focada no Centro de Acolhimento Hospital Joaquim Urbano. Como o nome indica é um centro de acolhimento temporário para pessoas em situação de sem abrigo. O intuito é guiar e proporcionar condições para que a pessoa consiga reestruturar a sua vida.
O objectivo da Médicos do Mundo é fazer uma religação aos cuidados de saúde, através de consultas médicas semanais, referenciação para estruturas do Serviço Nacional de Saúde, rastreios de doenças sexualmente transmissíveis e apoio medicamentoso.
 
MdM: Para si, qual é a importância da intervenção da Médicos do Mundo junto das populações mais vulneráveis?
L.C: É crucial a intervenção da Médicos do Mundo junto de populações vulneráveis, estas são pessoas cuja vida está desestruturada e muitas vezes os cuidados com a saúde são postos de parte. Como tal, é de vital importância o trabalho desenvolvido a nível da  consciencialização, educação e reintegração.
 
MdM: O que é que aprendeu ao ser voluntária da Médicos do Mundo?
L.C: Alarguei imenso os meus horizontes, contactei com muitas realidades que até então desconhecia. Aprendi que é essencial respeitarmos o outro e ser tolerante, nunca conseguimos compreender ao certo de onde determinada pessoa veio, nem aquilo que vivenciou, por isso boa vontade, respeito e compreensão são pilares essenciais para qualquer aspecto das nossas vidas.
 
MdM: Como tem sido a experiência de ser voluntária da Médicos do Mundo?
L.C: Obviamente que bastante positiva, sempre me senti extremamente bem acolhida e integrada desde o início.
Já participei em vários projectos como a Unidade Habitacional de Santo António em que a Médicos do Mundo assegura cuidados de saúde a imigrantes em processo de afastamento coercivo do território Português e, de forma bem mais pontual, também já integrei o projecto Porto Escondido que apoia populações em risco de exclusão na cidade do Porto.
Em suma, acho que é uma oportunidade de aliar os meus conhecimentos médicos com a vontade de ajudar e de alcançar populações mais desprotegidas.
 
MdM:Existe algum momento ou história que a tenha marcado? Qual e Porquê?
L.C: Para mim é difícil individualizar e realçar apenas um momento, sinceramente, penso que com cada história e com cada situação interiorizamos algo de novo, algo que de outra forma não conseguiríamos ter experienciado.
 

MdM: O que diria a uma pessoa que quisesse inscrever-se como voluntário/a na Médicos do Mundo?
L.C: No voluntariado o objectivo primário é ajudar o outro, no entanto, penso que há sempre uma pequena parte de egocentrismo, pois também é muito recompensador para o voluntário.
O mais importante é respeitar, acolher e tentar compreender ao máximo o outro, ajudando-o naquilo que for necessário e possível. Sempre com mente aberta e com vontade genuína de ajudar e melhorar algo.
 
MdM: Em suma, o que é para si a Médicos do Mundo?
L.C: Penso que a Médicos do Mundo é um porto seguro para as populações mais vulneráveis. Há o objectivo de ajudar o outro em termos de cuidados de saúde, mas de uma forma global. São igualmente importantes os aspectos da saúde física, psicológica e toda a esfera social em que a pessoa está inserida. A Médicos do Mundo intervém em todas estas dimensões da pessoa, com o propósito de a ajudar e guiar.