Flavio Forner

A Médicos do Mundo Portugal cessa esta sexta-feira, 09 de Agosto, a sua participação na Operação Embondeiro por Moçambique, estabelecida em parceria com a Cruz Vermelha Portuguesa (CVP). O objectivo foi dar resposta à situação de emergência após a passagem do ciclone Idai, em Março deste ano.

Fotos: Flavio Forner

O acordo inédito assinado em Março, entre a delegação portuguesa da Médicos do Mundo e a CVP, permitiu uma resposta quase imediata às dificuldades das populações moçambicanas afectadas pelo ciclone Idai, mais tarde agudizadas pela passagem da tempestade Kenneth. Ao longo da sua história, a Médicos do Mundo, que conta com uma vasta experiência em ajuda humanitária em contexto nacional e internacional, esteve em Moçambique por diversas vezes, mas esta – a 15ª missão de emergência – foi a primeira em parceria com outra organização
 

Médicos do Mundo Portugal e CVP

 

Recorde-se que só o Idai afectou mais de 1,8 milhões de pessoas – cerca de 150 mil casas foram parcial ou totalmente destruídas apenas na província de Sofala – e provocou mais de 600 mortos e de 1600 feridos. Devido às necessidades na região, a Operação Embondeiro foi sediada, de acordo com a atribuição realizada pelas Nações Unidas, em Macurungo, nas imediações da cidade da Beira, capital da província de Sofala.
 

Médicos do Mundo Portugal em Moçambique

 

À Médicos do Mundo Portugal coube a administração logística e financeira, até meados de Julho, para além da gestão da farmácia do hospital de campanha e do Centro de Saúde de Macurungo. Aqui, as equipas da Médicos do Mundo disponibilizaram várias formações para capacitação de profissionais de saúde locais, nomeadamente nas áreas da endocrinologia (com enfoque na diabetes), obstetrícia e farmácia, tendo também apoiado formações e acções de informação e educação em saúde para a população, lideradas pela CVP.
 

Médicos do Mundo Portugal em Moçambique

 

Em termos globais, as equipas no terreno realizaram 4500 atendimentos, mais de 3 mil consultas de saúde, mais de 1500 cirurgias e 130 partos. Para além disso, a Médicos do Mundo Portugal participou campanha de vacinação contra a cólera, após a chegada, em Abril, de 900 mil doses disponibilizadas pelas Nações Unidas.

Médicos do Mundo em Moçambique

 

Nesta missão, a delegação portuguesa da Médicos do Mundo contou com a imprescindível participação de 19 voluntários internacionais, entre médicos, enfermeiros, farmacêuticos, logísticos e administradores, e seis voluntários nacionais, incluindo farmacêuticos e logísticos. Outros profissionais apoiaram a missão a partir de Lisboa de diversas formas, nomeadamente na triagem de medicação, na logística, em traduções e no apoio técnico à farmácia.

Só na fase de emergência, a Operação Embondeiro implicou ainda a deslocação para Moçambique de 65 toneladas de ajuda humanitária e de equipamento em avião fretado para o efeito. Inicialmente seguiram 32 toneladas de alimentos, um hospital de campanha e equipamento hospitalar, águas, geradores e 500 quilos de fibra óptica. Depois foram transportadas mais 33 toneladas de ajuda humanitária, entre simuladores, kits e equipamentos para partos, medicamentos diversos, máquina de purificação de água, roupas, fraldas e artigos de higiene para recém-nascidos.