Fabrice Demoulin
Médicos do Mundo

A nossa história

A Associação Médicos do Mundo nasceu em 1980 na sequência da operação "Um barco pelo Vietname", que levou assistência médica a um grupo de 2564 refugiados vietnamitas que se encontravam à deriva no mar da China, sem que nenhum país acedesse em acolhê-los.

Bernard Kouchner, um dos fundadores da "Médicos Sem Fronteiras", defendia a ideia de fretar um navio que levaria a bordo médicos e jornalistas para ajudar os refugiados e testemunhar as violações dos direitos humanos face à situação dos boat people vietnamitas. Enfrentando a oposição de alguns, que consideravam a operação demasiado mediática, Kouchner avançou com a missão. Esta é posteriormente prolongada com a ação desenvolvida a partir da "Ilha de Luz", um navio transformado em hospital, que permitiu, até ao fim dos anos 80, salvar a vida a milhares de refugiados.

Na sequência desta divergência de opinião, Kouchner e outros fundadores da "MSF" abandonaram aquela associação para fundar, no dia 1 de fevereiro de 1980, em Paris, uma nova organização de ajuda humanitária com vocação internacional: a Associação Médicos do Mundo. O conceito de direito de ingerência, adotada em 1987, serve de suporte às operações na Arménia, Curdistão e Somália. A medicina humanitária transforma-se num combate ético contra os ataques à deontologia.

Nesta linha, foi assinada em Cracóvia, em março de 1990, a Carta Europeia de Ação Humanitária, onde se rejeita a exclusão, a discriminação, a tortura e as manipulações genéticas e se reafirma o envolvimento da medicina humanitária a favor do respeito dos equilíbrios ecológicos, da assistência a todas as vítimas e do direito internacional humanitário.

No decurso da década de 1990, o surgimento de novos conflitos que afetaram principalmente a população civil (como nos casos do Ruanda, da Serra Leoa, da Chechénia e da ex-Jugoslávia) levaram a Associação MdM a reafirmar o direito à proteção da população civil em ambientes de guerra. A Associação militou a favor da criação do Tribunal Penal Internacional, que permite hoje julgar pessoas responsáveis de genocídio, crimes contra a humanidade e violações do direito internacional humanitário.